as tormentas de Luis. (www.astormentas.com)

Poema ao acaso


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil.E os olhos não choram.E as mãos tecem apenas o rude trabalho.E o coração está seco.Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.És todo certeza, já não sabes sofrer.E nada esperas de teus amigos.Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?Teus ombros suportam o mundoe êle não pesa mais que a mão de uma criança.As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifíciosprovam apenas que a vida prosseguee nem todos se libertaram ainda.Alguns, achando bárbaro o espetáculo,prefeririam os delicados morrer.Chegou um tempo em que não adianta morrer.Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.A vida apenas, sem mistificação.


sexta-feira, 20 de março de 2009

pour me faire mourir




Une femme m’a donnée la vie

Une femme, aussi, me l’a prise

Et une femme,

encore une femme

Une femme,

encore méconnue,

Elle vit !

Pour me faire mourir





(Photo Marcel Mariën cr Sarah Whitfield)